sexta-feira, 29 de março de 2013

A 5ª estação

Cheguei ao outono da vida
Rugas tatuadas no rosto
Linhas gravadas nas mãos
Registro de uma história amarelada
Folha amassada caída ao chão.

Hoje sou o fruto seco dos anos passados
A teia frágil de um velho cobertor
Sou o rouco chilrear do pássaro
Num coral que canta...
A primavera que ficou para trás!

Canto a estação dos corpos floridos
O cheiro da terra molhada
Meus brinquedos e amigos
Nos vergéis espalhados
Puerícias que desabrocharam!

Lá se foram os dias de pega-pega
As corridas pelas vielas
Os doces de Cosme e Damião
Olhares que brotaram apaixonados
Primeiro beijo... Primeiro trago!
Onde se escondeu a vivacidade do verão?
O orgasmo imoral
A juventude imortal
O calor que me fez tremer...
... me fez viver!

Não sinto mais o frio do chão
Em seu corpo quente
Não sinto mais minhas pupilas acesas
Pelo seu corpo quente
Não sinto mais o quente calor do verão!

Hoje sou o reflexo de uma montanha nevada
Fios de novelos em minha cabeça esbranquiçada
O frio que aos poucos
Para o balanço da cadeira...
Os ponteiros do relógio!

Estou entrando no inverno dos tempos
Preparando para cair como neve... Lágrimas
Chegando ao fim deste ciclo
Com a esperança de germinar
Em tempos de primavera em um novo jardim!

(Bruno Guedes Fonseca)

(Todos os direitos reservados e protegidos pela lei nº 9.610, de 19/12/1998)

Um comentário:

Lucimara Fernandes disse...

Entendo você, Bruno! Já senti algo semelhante e na ocasião também escrevi um poema, que deixarei aqui para você! Bjs

Os anos passam

Os anos passam
E levam com eles partes de mim
Um pouco do que fui
E muito do que ainda gostaria de ser

Os anos passam
E, aos poucos, vão me transformando
Não sei se para melhor... Talvez para pior...
Mas sinto que não sou mais a mesma

Os anos passam
E levam com eles a minha inocência
A minha juventude
A minha imaturidade

Os anos passam
E arrastam com eles as minhas alegrias
Os meus sonhos
As minhas fantasias

Os anos passam
A velhice chega
A esperança se acaba
E a morte chega para todos!